Política

'Eu dei uma paulada neles', diz Bolsonaro sobre banqueiros que assinam carta pela democracia

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar, nesta quinta-feira (28), a carta em defesa do sistema eleitoral brasileiro e pela democracia, assinada por diversos segmentos da sociedade e que já conta com mais de 160 mil signatários.

 

Durante conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que os banqueiros — entre eles Candido Botelho Bracher (ex-presidente do Itaú) e José Olympio Pereira (ex-presidente do Credit Suisse no Brasil) — assinaram o documento porque perderam dinheiro com a transferência bancária desde a criação do Pix.

 

"Você pode ver que essa carta aos brasileiros e [sobre] democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o Pix, que eu dei uma paulada neles", disse o presidente. "Os bancos digitais também, que facilitamos. Estamos acabando com o monopólio dos bancos", completou.

 

O documento foi feito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e em menos de 24 horas obteve a assinatura de mais de 100 mil pessoas. A carta não cita Bolsonaro e afirma que "estamos passando por momento de imenso perigo" para a normalidade democrática, com riscos às instituições e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

 

Entre os signatários estão banqueiros, empresários, intelectuais e advogados. O documento conta também com a assinatura de ministros eméritos do Supremo Tribunal Federal e docentes de diversas universidades do país, como USP, UFMG, UFRJ e UFPB.

 

A carta já tinha sido alvo de críticas por parte de Bolsonaro nesta quarta-feira (27). Durante a convenção que oficializou a aliança do Partido Progressista com o Partido Liberal, o presidente desdenhou do documento. 

 

"Defendemos a democracia. Não precisamos de nenhuma cartinha para falar que defendemos a democracia. Que queremos cada vez mais cumprir e respeitar a Constituição. Não precisamos, então, de apoio ou sinalização, de quem quer que seja, para mostrar que o nosso caminho é a democracia, liberdade e o respeito à Constituição", afirmou Bolsonaro.

 

O documento em defesa da democracia será lido em 11 de agosto, na capital paulista. A carta chega em meio às críticas feitas por Bolsonaro ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas. Recentemente, o presidente convocou embaixadores estrangeiros para levantar suspeitas contra o modelo adotado, o que provocou reações em diversos segmentos da sociedade.