Agronegócios

Sorriso-MT fechou negócios a R$ 160,00/saca; Soja segue com preços em alta no Brasil

Foto: JK

Esta semana serviu para demonstrar a importância fundamental da China na produção de soja no Brasil. Bastou os chineses ficarem uma semana fora da compras -- por força do feriado em comemoração à implantação do comunismo na China Continental -- para que os preços cedessem na Bolsa de Chicago  e esfriassem os negócios com os poucos grãos  remascente ainda existente no Brasil.

Mas na sexta-feira, antes mesmo do fim do feriadão chinês, traders asiáticos voltaram às compras em Chicago, reanimando o comércio de grãos mundial e fazendo o preço da saca no Brasil chegar aos inimagináveis R$ 160,00 em Sorriso (MT), batendo e ultrapassando o recorde histórico até então regsitrado em nosso país para a oleaginosa.

Segundo Marcos Araujo, diretor da Agrinvest (Curitiba), os preços deverão retomar o viés de alta já no inicio da semana , com a volta dos chineses às compras. Araújo considera que nem mesmo a velocidade da colheita americana deverá tirar o viés de alta em Chicago. 

Outro analista que segue a mesma direção altista é Vlamir Brandalizze (da Brandalizze Consulting), não só pela velocidade da colheita (Iowa, estado que equivale ao MT nos EUA, já colheu praticamente 50% da sua safra), mas essenciamente pelo apetite chines.

-- A China teme que o atraso no plantio da safra brasileira possa abrir um buraco em seus estoques em fevereiro, que seria uma época de entre-safras (fim da colheita americana e atraso no início da colheita brasileira), por isso estão se garantindo agora". Brandalizze diz que o mercado de Chicago tenderá a manter o suporte de US$ 10,20/buschel para o primeiro vencimento.

Marcos Araújo reafirma que a demanda chinesa provocará reversão dos preços atuais em Chicago, enquanto que aqui no Brasil o cambio continuará impulsionando os preços de balcão nas cooperativas. "O exemplo é o preço recorde batido na sexta-feira em Sorriso", aponta ele (veja a entrevista acima).

Perdue diz não ter certeza de que China cumprirá importações agrícolas de acordo

 

CEDAR GROVE, Wisconsin (Reuters) - A China pode não cumprir a promessa de compras anuais de produtos agrícolas dos Estados Unidos que assumiu na fase 1 do acordo comercial entre os países por causa de "questões comerciais sem relação com a agricultura", disse nesta sexta-feira o secretário de Agricultura norte-americano, Sonny Perdue.

"Não tenho certeza de que eles vão conseguir cumprir, mas eles estão tentando", afirmou Perdue. "Questões comerciais sem relação com a agricultura entraram no caminho."

No acordo comercial, assinado em janeiro, a China se comprometeu a adquirir 36,5 bilhões de dólares em produtos agrícolas dos EUA neste ano, mas o ritmo lento de compras no primeiro semestre gerou dúvidas sobre a capacidade de o país asiático atingir a expressiva meta, que representaria aumento de mais de 50% em relação aos níveis de 2017.

Não ficou claro quais questões comerciais Perdue vê como obstáculos ao acordo. Uma série de percalços surgiram desde a implementação da fase 1 do pacto, incluindo a ameaça norte-americana de proibir a rede social chinesa TikTok e um decreto assinado pelo presidente Donald Trump para pôr fim ao tratamento econômico preferencial concedido a Hong Kong.

As importações de produtos agrícolas dos EUA pela China totalizaram apenas 8,6 bilhões de dólares entre janeiro e julho, segundo dados comerciais do Censo norte-americano.

O ritmo das compras aumentou em agosto e setembro, incluindo cerca de 12 milhões de toneladas de soja e 4 milhões de toneladas de milho, de acordo com números preliminares do Departamento de Agricultura dos EUA.

StoneX mantém previsão de safra 2020/21 de soja do Brasil, mas alerta sobre atraso

 

SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Brasil em 2020/2021 deve alcançar 132,6 milhões de toneladas, estimou nesta quinta-feira a consultoria StoneX, que manteve a projeção ante o número de setembro, mas alertou sobre potenciais atrasos na colheita com um plantio mais lento devido a escassez de chuvas.

"O início do plantio tem sofrido atrasos devido à falta de chuvas, mas ainda não se pode falar em perdas, pois os produtores conseguem avançar rapidamente assim que o clima melhorar", disse a analista de inteligência de mercado da StoneX, Ana Luiza Lodi, em nota.

A consultoria, que elevou a sua previsão de exportação em 2020 em 1 milhão de toneladas ante o mês anterior, para 82 milhões de toneladas, chamou a atenção para o estoque de passagem "reduzido" para o novo ciclo, de apenas 520 mil toneladas.

Segundo relatório da empresa de análises, a situação "preocupa ainda mais diante desse início de plantio atrasado, com a soja da safra nova demorando mais para entrar no mercado no próximo ano".

O mercado doméstico enfrenta momento de forte restrição de oferta, com preços elevados, lembrou.

Em relação à primeira safra de milho 2020/21, a StoneX apresentou pequenas revisões da área e do rendimento em Santa Catarina. Com isso, a área total ficou em 4,18 milhões de hectares e a produção em 27,88 milhões de toneladas.

SEGUNDA SAFRA

Ana Luiza ainda chamou a atenção para a janela climática para o plantio da segunda safra de milho, que responde pelo maior volume do cereal colhido e é plantada após a colheita da soja.

Ela disse que isso também preocupa, "caso os atrasos (da soja) se intensifiquem".