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Sinop: hospital veterinário da UFMT paralisa atendimentos a animais resgatados e cobra dívida de R$ 300 mil

O Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) informou que não receberá mais animais silvestres resgatados, após o Conselho Administrativo justificar “razões técnicas médico-veterinárias e administrativas” para a paralisação dos atendimentos. Além disso, a unidade cobra uma dívida de R$ 300 mil da secretaria estadual de Meio Ambiente, por atendimentos prestados. 

Ao Só Notícias, a diretora do hospital veterinário, Luanna Gomes, informou, em nota, que a decisão do conselho é administrativa devido a “ausência de oficialização da parceria do setor de animais silvestres com a SEMA, o que impede e dificulta o repasse de recurso da secretaria para a UFMT”.”o valor devido da secretaria chega realmente aos R$ 300 mil, mas não foi o motivo para decisão da paralisação”, diz trecho do comunicado.  O conselho é composto por sete médicos veterinários, sendo seis professores, um técnico contador do setor administrativo e um acadêmico de veterinária. 

“O conselho sabe da importância e relevância do atendimento clínico-veterinário dos animais silvestres da região de Sinop e reconhece o trabalho que vem sendo realizado, porém, o intuito da paralisação temporária é adequar a prestação deste serviço médico-veterinário, para que seja realizado de maneira efetiva e segura, visando as necessidades dos animais atendidos e o aprendizado e segurança dos alunos”. “Estamos trabalhando intensamente para solucionar os problemas e assim retornar aos atendimentos de animais silvestres que necessitam de cuidados clínico-cirúrgico veterinário”, conforme descrito na decisão.  

Procurada pelo Só Notícias, a médica veterinária e docente da UFMT, responsável pelo setor de atendimento de animais silvestres do hospital veterinário, Elaine Dione Venega da Conceição, contraria a versão do conselho e discorda da paralisação. “É importante deixar claro que o setor de atendimento a animais silvestres em nenhum momento solicitou o fechamento ou suspensão de suas atividades em nenhuma instância da universidade. É certo que temos desafios, necessidades e precisamos de apoio, porém a secretaria estadual de Meio Ambiente vem constituindo conosco as melhores condições para darmos continuidade ao atendimento de fauna na região Norte”, expõe. 

Elaine admite problemas no repasse do Estado, mas alega que a secretaria já sinalizou para o pagamento. “Existe sim uma dívida, do período que foi ofertado esse serviço para secretaria de Estado de Meio Ambiente, no entanto em nenhum momento ela se furta de melhorar as condições, tanto dos pagamentos quanto para considerar a forma de sanar essa dívida”.

A decisão do Conselho Administrativo do Hospital discutiu e aprovou a necessidade da paralisação no dia 6 de dezembro de 2022, entretanto, de acordo com Elaine, após o recesso em janeiro, no início de fevereiro houve a solicitação do setor para suspensão da decisão, que foi acatada, porém em reunião na última sexta-feira (31) o Conselho decidiu pela paralisação.  

Atualmente, há cerca de 20 animais (pacientes), entre onça-parda, macaco-aranha, corujas, araras, papagaios, jaguatirica, cachorro-do-mato e outros, já em reabilitação e imersão para soltura monitora.  Foram atendidos mais de 655 animais desde o início das atividades do setor, em 2015.

Outro lado
Em nota, a secretaria estadual de Meio Ambiente informou que “continua o atendimento à fauna silvestre com as clínicas particulares conveniadas junto ao órgão ambiental. Quanto ao hospital veterinário de Sinop, está em trâmite interno no órgão ambiental o pagamento dos serviços prestados, e também a expansão da Cooperação vigente hoje com o hospital veterinário de Cuiabá para o de Sinop”.

 

Só Notícias/Kelvin Ramirez (foto: assessoria)