Polícia

“Predadores sexuais caçam jovens com fraquezas”, diz psicóloga

Uma operação da Polícia Federal que prendeu diversos pedófilos com arquivos de pornografia infantil chamou a atenção para um medo antigo dos pais: o tipo de pessoas que crianças e adolescentes encontram na internet.

A psicóloga e especialista em abordagem sistêmica familiar, Laura de Oliveira Gonçalves, conta que já recebeu diversos pacientes que relataram problemas com "predadores sexuais" após os pais sentirem uma mudança de comportamento dos mais novos.

“O que acontece é que geralmente os predadores procuram jovens com fraquezas e insistem até que eles cedam às vontades do pedófilo”, explica a profissional em entrevista ao MidiaNews.

Segundo ela, a pandemia abriu portas para que os adolescentes e crianças ficassem ainda mais condicionados a recorrer às redes sociais como forma de entretenimento. A psicóloga ainda destaca que o comportamento dependente é incentivado pelos parentes, o que agrava a situação.

Laura explica que os pais, por conseguirem ter o filho sempre ao alcance dos olhos, se permitiram a uma "falsa sensação de segurança". No entanto, muitos dos responsáveis não tem ideia do tipo de conteúdo que os menores tem acesso com apenas um clique no celular.

Situação vulnerável

A situação vulnerável dos jovens é outro ponto que abre margem para os aproveitadores da internet que, segundo a psicóloga, muitas vezes se passam por adolescentes para manipular os mais novos que se encontram com o emocional fragilizado.

Em um dos casos que atendeu, Laura conta que uma mãe relatou que a filha, de apenas 12 anos, estava apresentando um comportamento isolado e arredio.

A profissional conta que naquela época a menina se recusava a se aproximar da responsável para qualquer atividade e também evitava conversar com a mãe. Foi apenas após muitas sessões de terapia que Laura conseguiu descobrir que o comportamento era induzido por um homem, que se passava por adolescente nas redes sociais.

“O homem vai mudando, vai estimulando o jovem a se fechar. O predador pede para ligar a câmera e ver a criança, ele sente prazer nisso”, afirma.

Além dos pedófilos, a psicóloga também alerta para os desafios da internet. Apesar de ser um assunto pouco falado, Laura afirma que é algo que acontece entre os “amiguinhos” nas redes sociais e muitos dos jovens não medem o risco que correm ao participarem de brincadeiras.

Fato é que o adolescente se sente instigado a participar e, às vezes, os responsáveis não têm consciência de que o filho pode estar correndo perigo embaixo do próprio teto.

Saúde mental em risco

A psicóloga explica que hoje é muito cômodo deixar a cargo a internet a tarefa de entreter uma criança. Por falta de tempo ou de paciência, a solução é entregar o aparelho eletrônico, mesmo que o filho seja um bebê.

“Os pais têm que ficar muito atentos no que os filhos estão fazendo, mas como a gente tem uma vida corrida, é muito mais fácil deixar o filho que está ali do nosso lado, mas não entendemos o risco disso”, diz.

A profissional afirma que as consequências da dependência da internet são graves ao longo dos anos. A principal delas, segundo a psicóloga, são os casos de ansiedade, que vem sendo detectados em crianças que ainda nem entraram na adolescência.

“O pai condiciona o comportamento de ficar ali burlando a mente e depois a criança não consegue ter uma relação sociável, ficar sem fazer nada, conversar, fazer outras atividades”,  explica.

Com o agravante da pandemia, a psicóloga afirma que os jovens substituíram os amigos e a vida social pelos momentos online, algo que agrava ainda mais o desenvolvimento do jovem em uma idade que é imprescindível experimentar as vivências.

Formas de prevenir

Os problemas de ansiedade, quando detectados cedo, podem ser revertidos com ajuda de um profissional, porém, se não tratados, tem a força para evoluir para patologias piores, como depressão.

Mesmo sendo uma situação preocupante ao extremo, Laura afirma que os pais podem trabalhar para melhorar a situação dentro de casa. Para isto, a profissional destaca duas coisas: o diálogo e o monitoramento. Leia a matéria completa aqui.