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Pandemia gera pressão emocional e afeta retorno escolar

Pandemia da covid-19 gerou inúmeras perdas que têm repercutido no emocional da população. Com o retorno das aulas presenciais, muitos casos de violência têm sido registrados nas escolas. E, para o promotor de justiça Miguel Slhessarenko, as dificuldades neste retorno têm relação direta com o momento de crise sanitária.

 

Ao GD, o promotor afirmou que o panorama do ensino público no estado aponta para um retorno às atividades presenciais repleto de casos de ansiedade, estresse e depressão. Contudo, conforme destacado por Slhessarenko, esse quadro não se restringe apenas aos estudantes, uma vez que os professores e familiares dos alunos também foram afetados.

 

"Isso gera uma pressão muito grande, um desgaste emocional. Eles ( alunos) ficam como 'nossa, eu estou perdido aqui, o que eu faço?'. Alguns alunos que abandonam a escola por conta disso, têm aqueles que não querem voltar para as salas. E tem a própria fadiga emocional de quem ficou isolado", disse.

 

"A gente acredita, até por relato de diretores e da própria rede pública de ensino, que foi um período de muita ansiedade, muita depressão, alunos que ficaram em casa e voltaram às escolas. Mas, não só os alunos, às vezes até os próprios professores e a família sofreram com a ansiedade", acrescentou.

 

À reportagem, o promotor apontou que parte do desgaste emocional dos estudantes pode estar ligado ao fato de a aprendizagem durante o período pandêmico ter gerado prejuízos educacionais aos alunos.

 

"Alunos que ficaram durante quase dois anos no ensino remoto tiveram muito prejuízo de aprendizagem. Às vezes, chegam à escola e percebem que não dão conta de acompanhar e ficam sem recuperar toda aquela aprendizagem perdida", declarou.

 

Retorno difícil

Nas últimas semanas, a polícia precisou intervir em uma situação de ameaça no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso de Cuiabá. Na quarta-feira (31 de agosto), um estudante armado com uma faca se trancou na sala com outros alunos e disse que os colegas iriam "ver sangue".

 

Antes disso, no dia 16, estudantes faltaram às aulas no colégio Maxi após uma suposta ameaça de ataque por parte de um dos estudantes da unidade. O aluno era alvo de bullying e ameaçou levar uma arma para a escola.

 

Outros situações de ameaça também repercutiram nos últimos meses em escolas públicas de Cuiabá. Em mais de uma unidade educacional a Polícia Militar precisou intervir por conta de supostas ameaças de massacres em sala de aula.