Agronegócios

Mato Grosso: 87% dos produtores não conseguem cobrir o custo da soja

Estudo realizado em Mato Grosso aponta que 87,2% dos produtores de soja não irão conseguir cobrir o custo total da safra 2023/24. Segundo o levantamento, a região mais penalizada pelas adversidades climáticas foi a oeste, que teve produtividade de 47,83 sacas por hectare.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). O resultado foi divulgado na última sexta-feira (5), em Cuiabá.

O levantamento foi realizado com 1.187 produtores, que são responsáveis por cultivar cerca de 2,5 milhões de hectares, ou seja, 21% de toda área plantada no estado de 12,1 milhões de hectares.

Dos produtores que responderam à pesquisa, 80% já concluíram a colheita da oleaginosa. O levantamento alcançou 99 dos 141 municípios do estado.

Produtividade da soja menor

Conforme o estudo, apenas 153 produtores (12,8%) participantes relataram ter registrado produtividade acima do custo total, que ficou acima de 65 sacas.

Entretanto, 1.034 agricultores afirmaram que terão produtividades inferiores aos custos. A produtividade média destes 87,2% produtores, aponta o estudo, ficou em 51,82 sacas por hectare, 20,25% menor que na temporada anterior, quando foi registrada 64,97 sacas por hectare.

Além da região oeste, as regiões sul e leste foram as mais penalizadas pelas ondas de calor e estiagem, provocadas pelo fenômeno El Niño no estado.

Na região sul a média de produtividade ficou em 51,75 sacas por hectares, mostra a pesquisa. Já na leste média de 52,70 sacas por hectare.

Já a região norte teve a maior produtividade, estimada em 53,49 sacas por hectare.

Além disso, de acordo com o levantamento, 9% dos produtores relataram ocorrência de tombamento das plantas e 16,5% registraram abandono de área, em razão da baixa produtividade.

Região leste reduz área de milho

Na ocasião, o Imea também questionou os produtores mato-grossenses quanto as expectativas para a segunda safra de milho, cujo plantio foi dado por encerrado em 22 de março.

De acordo com os agricultores participantes, a região leste foi a que mais reduziu a área de milho nesta safra 2023/24. Por lá, a retração foi de 26,2% em relação ao ciclo passado.

Já na região oeste a área diminuiu em 15,33%, na sul em 12,97% e na região norte em 7,28%.

A média estadual deve fechar em 8,44% de decréscimo, estimada em 6,94 milhões de hectares.

Medidas insuficientes para conter crise

Na última semana a Aprosoja-MT voltou a cobrar mais medidas do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para ajudar os produtores de Mato Grosso. Na avaliação da entidade, as medidas anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o setor produtivo são “insuficientes” para conter a crise no agronegócio em Mato Grosso.

No dia 28 de março produtores de Mato Grosso e outros 16 estados tiveram a aprovação do Conselho Monetário Nacional para a renegociação de até 100% das parcelas que vencem este ano de operações de crédito rural de investimento relacionadas à produção de soja, milho, leite e carne.

Para Mato Grosso a medida foi concedida para as atividades produtivas de soja, milho e bovinocultura de carne.

“Não houve nenhuma sinalização do Mapa sobre conversar com as empresas exportadoras sobre as cláusulas washouts. Muitos produtores podem não ter produto para entregar, então essa é uma das nossas grandes preocupações nesse momento”, enfatizou o presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, no comunicado divulgado.